Além de ouvir as histórias, é importante que as crianças possam manusear os livros, mesmo aquelas que ainda não sabem ler. O contato com o livro em si, as imagens, o texto, tudo isso irá colaborar na formação do futuro leitor. Para as crianças com deficiência visual, as sugestões são os livrinhos de histórias com adaptação do texto em braile, painéis com figuras em relevo para ilustrar a história - o que chamamos de painéis táteis ilustrativos - e CDs com músicas para ajudar a criar a ambientação e o clima da história. Algumas editoras já têm produzido o livro em tinta, ampliado e em braile, na mesma página, o que permite que as crianças com deficiência visual usem o mesmo material que as crianças que enxergam, possibilitando, também, o contato com o sistema braile de leitura e escrita para as crianças que enxergam. Mesmo quando não for possível ter acesso a este tipo de material, um recurso que pode ser usado pelos professores com os alunos cegos, em processo de alfabetização, é colar uma página com o texto em braile no próprio livro de histórias. O mesmo pode ser feito com o texto ampliado para as crianças com baixa visão.
Outra opção que deve ser explorada pelos professores e recomendada para as famílias de crianças com
deficiência visual são os livros falados. Outras crianças com dificuldades motoras que não conseguem
manusear um livro, crianças com dificuldades cognitivas, crianças com deficiência intelectual, crianças com
dislexia e também as crianças sem deficiência podem se beneficiar e se deleitar com esse recurso.
Importante destacar que, ao contarmos histórias para crianças com deficiência visual, precisamos
fazer uso de um recurso de acessibilidade, a audiodescrição. Este recurso permite que as pessoas
com deficiência visual tenham acesso à linguagem imagética, possibilitando, desta forma, uma maior
compreensão do que é assistido, lido ou escutado. Em histórias infantis, a audiodescrição permite que
personagens, cenários, objetos e outros detalhes das imagens ganhem vida, transformem-se em texto
oral, podendo ser, então, conhecidos pelas crianças com deficiência visual. As crianças que enxergam
também se beneficiarão do recurso, já que poderão desenvolver a capacidade de observação, a fluência
verbal, além do entendimento maior da história.
Para alunos com deficiência auditiva, vale apontar que algumas histórias clássicas já possuem versões
escritas em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Além do material já impresso, é possível adaptar
qualquer história e reescrevê-la utilizando a língua de sinais. Para isso, é necessário conhecer o texto
previamente, fazer um resumo com as principais partes da história e escolher os sinais que representem
a seqüência do livro. Ressaltamos o uso de imagens como um dos recursos fundamentais para ampliar o
entendimento das crianças com deficiência auditiva.
LIBRAS é a língua brasileira de sinais que substitui a comunicação oral, mas não a comunicação escrita.
Assim, para a pessoa com deficiência auditiva, LIBRAS é a primeira língua e a língua portuguesa a
segunda, com a qual a pessoa surda poderá se expressar de forma escrita.
Quando pensamos em livros escritos em LIBRAS, em contar histórias para surdos, não podemos nos
esquecer que nem todas as crianças conhecem a língua de sinais. Muitas vezes é na escola que elas
aprendem LIBRAS. Daí a importância de contar a história montando uma seqüência lógica de imagens e
dos sinais que traduzem o texto, pois assim, além da possibilidade de conhecer e entender a história, o
aluno poderá ampliar seu vocabulário na língua de sinais.
Com relação às crianças com deficiência intelectual e aquelas com distúrbios globais do desenvolvimento,
não há limitações sensoriais que impeçam a compreensão da história. Entretanto, podem ocorrer algumas
dificuldades com relação à compreensão e ao tempo de atenção dispensada para o momento da atividade.
Para transpor estas possíveis barreiras, podemos contar as histórias de forma mais concisa (focando nas
partes principais), com o auxilio de painéis táteis ilustrativos e de objetos concretos. Além disso, outro
recurso que pode ser utilizado, é recontar a história de diferentes formas, dialogando com os alunos,
entremeando a história com perguntas e contando com a participação de todos.
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