sexta-feira, 30 de setembro de 2016

A importância das histórias para a educação inclusiva





Além de ouvir as histórias, é importante que as crianças possam manusear os livros, mesmo aquelas que ainda não sabem ler. O contato com o livro em si, as imagens, o texto, tudo isso irá colaborar na formação do futuro leitor. Para as crianças com deficiência visual, as sugestões são os livrinhos de histórias com adaptação do texto em braile, painéis com figuras em relevo para ilustrar a história - o que chamamos de painéis táteis ilustrativos - e CDs com músicas para ajudar a criar a ambientação e o clima da história. Algumas editoras já têm produzido o livro em tinta, ampliado e em braile, na mesma página, o que permite que as crianças com deficiência visual usem o mesmo material que as crianças que enxergam, possibilitando, também, o contato com o sistema braile de leitura e escrita para as crianças que enxergam. Mesmo quando não for possível ter acesso a este tipo de material, um recurso que pode ser usado pelos professores com os alunos cegos, em processo de alfabetização, é colar uma página com o texto em braile no próprio livro de histórias. O mesmo pode ser feito com o texto ampliado para as crianças com baixa visão.
Outra opção que deve ser explorada pelos professores e recomendada para as famílias de crianças com deficiência visual são os livros falados. Outras crianças com dificuldades motoras que não conseguem manusear um livro, crianças com dificuldades cognitivas, crianças com deficiência intelectual, crianças com dislexia e também as crianças sem deficiência podem se beneficiar e se deleitar com esse recurso. Importante destacar que, ao contarmos histórias para crianças com deficiência visual, precisamos fazer uso de um recurso de acessibilidade, a audiodescrição. Este recurso permite que as pessoas com deficiência visual tenham acesso à linguagem imagética, possibilitando, desta forma, uma maior compreensão do que é assistido, lido ou escutado. Em histórias infantis, a audiodescrição permite que personagens, cenários, objetos e outros detalhes das imagens ganhem vida, transformem-se em texto oral, podendo ser, então, conhecidos pelas crianças com deficiência visual. As crianças que enxergam também se beneficiarão do recurso, já que poderão desenvolver a capacidade de observação, a fluência verbal, além do entendimento maior da história. Para alunos com deficiência auditiva, vale apontar que algumas histórias clássicas já possuem versões escritas em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais). Além do material já impresso, é possível adaptar qualquer história e reescrevê-la utilizando a língua de sinais. Para isso, é necessário conhecer o texto previamente, fazer um resumo com as principais partes da história e escolher os sinais que representem a seqüência do livro. Ressaltamos o uso de imagens como um dos recursos fundamentais para ampliar o entendimento das crianças com deficiência auditiva. LIBRAS é a língua brasileira de sinais que substitui a comunicação oral, mas não a comunicação escrita. Assim, para a pessoa com deficiência auditiva, LIBRAS é a primeira língua e a língua portuguesa a segunda, com a qual a pessoa surda poderá se expressar de forma escrita. Quando pensamos em livros escritos em LIBRAS, em contar histórias para surdos, não podemos nos esquecer que nem todas as crianças conhecem a língua de sinais. Muitas vezes é na escola que elas aprendem LIBRAS. Daí a importância de contar a história montando uma seqüência lógica de imagens e dos sinais que traduzem o texto, pois assim, além da possibilidade de conhecer e entender a história, o aluno poderá ampliar seu vocabulário na língua de sinais. Com relação às crianças com deficiência intelectual e aquelas com distúrbios globais do desenvolvimento, não há limitações sensoriais que impeçam a compreensão da história. Entretanto, podem ocorrer algumas dificuldades com relação à compreensão e ao tempo de atenção dispensada para o momento da atividade. Para transpor estas possíveis barreiras, podemos contar as histórias de forma mais concisa (focando nas partes principais), com o auxilio de painéis táteis ilustrativos e de objetos concretos. Além disso, outro recurso que pode ser utilizado, é recontar a história de diferentes formas, dialogando com os alunos, entremeando a história com perguntas e contando com a participação de todos.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

O que é uma escola inclusiva?




A escola inclusiva pode ser definida como aquela que educa todos os alunos em salas de aula regulares e proporciona a eles oportunidades educacionais adequadas e desafiadoras, porém ajustadas às necessidades e habilidades de cada um. Desta forma, os alunos com deficiência e aqueles sem deficiência têm a oportunidade de se preparar para a vida na comunidade, aprendendo a viver e conviver com a diferença, a ser colaborativos e mais atuantes na sociedade. Os professores, por sua vez, ampliam sua visão do que é ensinar e aprender, desenvolvem a criatividade e crescem como pessoas e como profissionais. 

Na escola inclusão é:


Stainckback (1996) argumenta que professores educadores, comprometidos com a filosofia da inclusão, são aqueles que:
 • estão mais interessados naquilo que o aluno deseja aprender do que nos rótulos sobre ele; 

• respeitam o potencial de cada aluno e acreditam na sua capacidade de aprender;
 • acreditam que todos os alunos conseguem desenvolver habilidades básicas;
 • buscam informações sobre os recursos necessários para dar maior suporte e mais oportunidades de aprendizagem aos alunos; 
• utilizam as experiências de vida do aluno como fatores motivadores; 
• aprendem com seus alunos e investigam como eles aprendem. 

As definições para inclusão no contexto escolar que elaboramos abaixo, com as ilustrações bem-humoradas de Ricardo Ferraz, destacam aspectos relevantes, alguns já discutidos acima, que precisam ser levados em consideração na construção da escola inclusiva. Convidamos vocês, professores, a explorá-las!




Na escola inclusão é:


  • Trabalhar colaborativamente, dividindo os desafios e compartilhando práticas e atividades bem sucedidas.
  • Planejar e fazer as necessárias adaptações das atividades levando em consideração o grau de dificuldade dos alunos em relação à tarefa proposta.
  • Saber que todos os alunos são diferentes, e que suas experiências prévias proporcionam a construção de saberes e resultados pedagógicos singulares, que não poderão ser desconsiderados no monitoramento e registro do desempenho escolar de cada aluno em relação às metas propostas para o grupo.
  • Celebrar cada progresso e conquista de seus alunos.
  • Fazer um exercício constante de colocar-se no lugar do outro.
  • Conhecer e utilizar ferramentas como: estratégias de aprendizagem, habilidades de estudo (organização do tempo, organização dos materiais de estudo, elaboração de registros, notas de aula, resumos, diários) que permitam o aprender a aprender
  • Não ter vergonha de pedir ajuda quando necessário e saber que os alunos podem dar informações preciosas sobre como aprendem.
  • Incentivar os alunos a fazerem escolhas e a aprenderem com seus sucessos e erros, criando para isso um ambiente ativo de aprendizagem que permita a resolução de problemas, a colaboração com seus pares, estimulando a autonomia.
  • Valorizar a diversidade e a capacidade de cada um para aprender, tendo em mente que os alunos têm ritmos e estilos diferentes de aprendizagem.
  • Saber que as experiências vivenciadas em casa, na vizinhança, com amigos e parentes, quando trazidas para a sala de aula, poderão contribuir para o melhor entendimento e significação do conhecimento escolarizado.
  • Desenvolver a criatividade, buscando alternativas que despertem o interesse e a curiosidade de todos os alunos, trabalhando com uma variedade de materiais, jogos, brinquedos, atividades, organização diferente da rotina e do espaço da sala de aula, o que irá colaborar para a ampliação das experiências de aprendizagem.
  • Saber que, na sala de aula, o aluno não é um mero espectador, mas um participante ativo na construção do conhecimento.
  • Sair da sala de aula e explorar outros ambientes como fontes ricas de conhecimento. É ir ao parque, ao zoológico, ao museu, à biblioteca, à feira, ao mercado. É fazer uma horta, plantar flores no jardim, ver a grama crescer, observar a borboleta sair do casulo...
  • Criar espaços cênicos, improvisando, usando o mobiliário já existente, trazendo outros materiais como cortinas, caixas grandes, almofadas, retalhos, sucatas, fantasias, para que as crianças dêem asas ao imaginário, atribuindo novos sentidos aos objetos, brincando de fazde-conta e interpretando o mundo.
  • Contar a mesma história de diferentes formas, usando para isso diversos recursos como sons, imagens, objetos, até que todos possam entendê- la, incentivando, com isso, o desenvolvimento dos sentidos.
  • Inventar mil maneiras de brincar da mesma brincadeira.
  • Permitir e incentivar as diferentes formas de expressão.

  • Viver com a possibilidade de encontrar novos recursos, até mesmo onde você não imaginava...

  • Compreender o limite entre o respeitar as limitações e o estimular as potencialidades.
  • Contar com a maior participação da família na escola, tanto para informações sobre a aprendizagem e o desempenho escolar da criança, quanto para uma orientação sobre o seu desenvolvimento potencial.
  • Participar de um importante movimento coletivo de quebra de paradigmas sociais, que permita a equiparação de oportunidades para todas as pessoas, deixando de lado atitudes assistencialistas.
  • Ter uma visão contemporânea de cidadania, que contemple a perspectiva dos direitos humanos universais e o conceito de homem participativo.
  • Educar cidadãos, preparar os alunos para viver e colaborar para a construção de uma sociedade mais justa e mais solidária.
http://iparadigma.org.br/arquivos/cartilha%20atividades%20inclusivas.pdf



O que são atividades inclusivas?








Atividades inclusivas são estratégias pedagógicas, que objetivam construir oportunidades reais de aprendizagem para todos os alunos. Permitem a interação de todas as crianças em sala de aula, levam em consideração as peculiaridades dos alunos e suas diversas maneiras de aprender. São atividades que exploram as experiências prévias dos alunos, suas sensações e sentidos diante do novo. Desenvolvem, também, as habilidades e a criatividade, tanto de professores, quanto dos alunos, motivando e despertando a vontade de aprender e de relacionar a nova aprendizagem às experiências de vida. Para planejar e realizar estas atividades, os professores podem fazer uso de diversos tipos de materiais, como papéis de diferentes texturas, cores e gramaturas, materiais recicláveis, sucata, tecidos, isopor, plumas, penas, restos de lã, barbantes, botões, contas e mais uma infinidade de coisas que a criatividade ajudará a encontrar. As sugestões que fazemos a seguir pretendem, principalmente, despertar em vocês, professores, a vontade de experimentar estas atividades em sala de aula e, ao mesmo tempo, a vontade de criar outras muitas atividades inclusivas, a partir de idéias simples e dos interesses de sua classe.